Segundo ACSM (2010), recomenda-se que indivíduos saudáveis realizem
exercícios para o core pelo menos duas vezes por semana, com o intuito de melhorar
a estabilidade da coluna e manter a mobilidade nas atividades da vida diária.
O core
possui 29 pares de músculos quem atuam para estabilizar a coluna, pélvis e quadril
durante movimentos funcionais. Este é descrito como uma caixa muscular com os
músculos abdominais na parte anterior, paravertebrais e glúteos na posterior,
diafragma na parte superior, e assoalho pélvico e quadril na inferior (AKUTHOTA,
2008).
Dentro desse enorme complexo, podemos destacar os músculos do tronco
(abdominais e paravertebrais), como os mais importantes do core (GOTTSCHALL,
2013). Os músculos abdominais consistem em: transverso do abdômen (TR), oblíquo
interno (OI), oblíquo externo (OE) e reto abdominal (RA) (CRESSWELL, 1994).
Dentre vários músculos que compõe os paravertebrais, destacamos o multífido
(MD) que, por ser um músculo com origem e inserção direta na coluna, possui uma
importante função estabilizadora local (MAYER, 2007); e também o longuíssimo do
tórax (LT) que, em função da sua extensão, e por possuir vários segmentos, torna-se
importante na geração de movimento dessa articulação (MCGILL, 2001).
Em reabilitação o foco principal do treinamento do core é diminuir a incidência
de dores lombares e nos membros superiores e inferiores, além de promover a
distribuição apropriada das forças, com menos compressão, translação e
cisalhamento das articulações, através da ativação dos músculos do core,
possibilitando que a população em geral possa realizar suas atividades da vida diária
normalmente (LEETUN et al., 2004).
No exercício físico/esportes, o treinamento desse conjunto de músculos tem como objetivo
principal manter a estabilidade do tronco durante atividades dinâmicas de alta
intensidade, promovendo estabilidade proximal através da ativação prévia de
músculos estabilizadores (transverso do abdômen) para mobilidade distal e funcional
dos membros em várias atividades, como corrida, chutes a arremessos, otimizando o
desempenho (KIBLER et al., 2006) e diminuindo o risco de lesões tanto em membros
superiores (KIBLER, 1995) quanto inferiores (MALONE, 2002).
Esse complexo musculoesquelético depende de diversos componentes físicos
para um adequado funcionamento, dentre eles podemos destacar a força, resistência, flexibilidade, controle motor e funcionalidade (WALDHELM & LI 2012), sendo que,
quando um desses componentes apresenta déficits, expõe o indivíduo a sobrecargas
na coluna e membros (PANJABI, 1992).
Referências
AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. ACSM’s Guidelines for Exercise
Testing and Prescription (8th ed.). Thompson, WR, ed. Philadelphia, PA: Lippincott,
Williams & Wilkins, 2010.
AKUTHOTA, V., FERREIRO, A., MOORE, T., & FREDERICSON, M. Core stability
exercise principles. Current sports medicine reports, v. 7, n. 1, p. 39-44, 2008.
GOTTSCHALL, J. S.; MILLS, J.; HASTINGS, B. Integration core exercises elicit
greater muscle activation than isolation exercises. The Journal of Strength &
Conditioning Research, v. 27, n. 3, p. 590-596, 2013.
CRESSWELL, A. G.; ODDSSON, L.; THORSTENSSON, Alf. The influence of sudden
perturbations on trunk muscle activity and intra-abdominal pressure while
standing. Experimental Brain Research, v. 98, n. 2, p. 336-341, 1994.
MAYER, J. Anatomy, kinesiology, and biomechanics. In: ACSM’s Resources for the
Personal Trainer. W. Thompson and K. Baldwin, eds. Philadelphia, PA: Lippincott
Williams &Wilkins, pp. 109–176, 2007.
MCGILL, S. M. Low back stability: from formal description to issues for performance
and rehabilitation. Exercise and sport sciences reviews, v. 29, n. 1, p. 26-31, 2001.
LEETUN, D. T., IRELAND, M. L., WILLSON, J. D., BALLANTYNE, B. T., & DAVIS, I.
M. Core stability measures as risk factors for lower extremity injury in athletes.
Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 36, n. 6, p. 926-934, 2004.
KIBLER, W. B. Biomechanical analysis of the shoulder during tennis activities. Clinics
in sports medicine, v. 14, n. 1, p. 79-85, 1995.
KIBLER, W. B.; PRESS, J.; SCIASCIA, A. The role of core stability in athletic function.
Sports medicine, v. 36, n. 3, p. 189-198, 2006.
MALONE, T; DAVIES, G; WALSH, WM. Muscular control of the patella. Clinics in
sports medicine, v. 21, n. 3, p. 349-362, 2002
WALDHELM, A; LI, L. Endurance tests are the most reliable core stability related
measurements. Journal of Sport and Health Science, v. 1, n. 2, p. 121-128, 2012.
PANJABI, M. M. The stabilizing system of the spine. Part I. Function, dysfunction,
adaptation, and enhancement. Journal of spinal disorders & techniques, v. 5, n. 4,
p. 383-389, 1992.