Você sabe o que é auto estima?
Tem idéia da relação que existe entre a prática regular de exercício físico e a variável psicológica da auto estima?
Rosenberg & Simmons (1972, cit. em Batista, 1995) referem que a auto-estima é um
constructo (constructo -substantivo masculino 1. construção puramente mental, criada a partir de elementos mais simples, para ser parte de uma teoria. 2.psic objeto de percepção ou pensamento formado pela combinação de impressões passadas e presentes.)multidimensional, que reflete todos os sentimentos de autovalor relativos ao
comportamento, aparência física, inteligência, com o Eu emocional e o Eu social. Posteriormente, o
mesmo autor, define auto-estima como a avaliação que o indivíduo faz a respeito do seu próprio valor
com base em informações de pessoas que ele considera importantes (amigos, família e professores) e
nas auto-percepções em diversos domínios (profissional, físico, familiar).
A prática regular de exercícios físicos acarreta benefícios ao nível psicológico, parecendo estar correlacionado de
forma positiva com a auto-imagem, sensações de bem-estar; auto-confiança, mudanças
positivas no humor, diminuição no stress, depressão, ansiedade, vigília, clareza de pensamento,
aumentos de energia, entre outros (Everly & Rosenfeld, 1981; Martin & Dubbert, 1982;
Weinstein & Meyers, 1983; Tomporowski & Ellis, 1986; Tucker, 1983; cits. por Ribeiro,
1988; Doan & Sherman, 1987 cit. por McAuley, 1994; Hamachek, 1986; Blackman,
Hunter, Hilyer & Harrison, 1988; Valliant & Asu, 1985).
A auto-estima tem revelado ser a variável psicológica mais capaz de traduzir os benefícios
psicológicos da prática de exercício físico (Folkins & Sime, 1981; Hughes, 1984 cit. por Boutcher,
1993; Sonstroem & Morgan, 1989).
Silva (1998), realizou um estudo cujo objetivo era relacionar a prática de exercícios físicos – (ginástica de academia ) com o auto-conceito físico, o social e a auto-estima global, em mulheres
adultas do grande Porto, entre os 17 e os 47 anos, comparando os indivíduos em função da frequência com que praticavam exercícios físicos (ausente, média, intensa), da idade, do nível sócio-económico e
do estado civil. Os resultados apontaram para a existência de diferenças significativas na auto-estima
global a favor do grupo de prática frequente, em comparação com os outros grupos.
Segundo Weiss (1987; cit. por Abrantes, 1998), o fato de o indivíduo, ao realizar exercício,
ser confrontado diretamente com uma dificuldade física ou com um desafio psicológico e o conseguir
ultrapassar com sucesso, vai provocar modificações na imagem corporal do praticante, na sua autoimagem
(Melnick & Mookerjee, 1991; Batista & Vasconcelos, 1995; ambos cits. por Abrantes, 1998;
Emery et al., 1989; cit. por Shefard, 1990), bem como no seu sentido de realização. O exercício fisico permite, desta forma, melhorar os níveis de auto-estima, através do desenvolvimento de competências
e de estratégias mais adequadas à resolução com sucesso de determinadas tarefas. Aliás, a autoestima
positiva parece estar associada a níveis superiores de condição física (fitness), dado que os
indivíduos que apresentam uma condição física melhor tendem a revelar igualmente um conceito
corporal mais elevado (Adame, Johnson, Cole, Matthiasson & Abbas, 1990) do que indivíduos
que apresentam uma condição física inferior.
Referências :
ABRANTES, H. A. (1998). Satisfação com a imagem corporal, auto-estima e actividade física: estudo comparativo
em indivíduos de ambos os sexos, dos 45 aos 65 anos. Dissertação de Mestrado em Ciência do Desporto. F.C.D.E.F.
Universidade do Porto.
ADAME, D. et al. (1990). Physical fitness in relation to amount of physical exercise , body image, and locus of
control among college men and women. Perceptual and Motor Skills, 70, 1347-1350.
ALMEIDA, A. P. C. (1995). A relação entre auto-conceito e aptidão física: Estudo comparativo entre atletas e não
atletas dos treze aos quinze anos de idade. Dissertação de mestrado em Ciência do Desporto. F.C.D.E.F. Universidade
do Porto.
BAECKE, J.; BUREMA, J. & FRIJTERS, J. (1982). A short questionnaire for the mesurement of habitual physical
activity in epidemiological studies.The American Journal of Clinical Nutrition, 36, pp 936-942.
BANDURA, A. (1989). Human agency in social cognitive theory. American psychologist, 44, 1175-1184
BATISTA, P. M. F. (1995). Satisfação com a imagem corporal e a auto-estima: estudo comparativo de adolescentes
envolvidos em diferentes níveis de actividade física. Dissertação de Mestrado em Ciência do Desporto. F.C.D.E.F.
Universidade do Porto.
BEDNAR, R., WELLS, M. & PETERSON, S. (1989). Self-esteem: paradoxes and innovations in clinical theory and
practice. AmericanPsychological Association, Washington D.C.
BERGER, B. G. & MCINMAN, A. (1993). Exercise and the quality of life. In R. SINGER; M. MURPHEY & L.
TENNANT (1993). Handbook of Reasearch on Sport Psychology (ISSP). New York: MacMillan Publishing
Company.
BLACKMAN, L., HUNTER, G. HILYER, J. & HARRISON, P. (1988). The effects of dance team participation on
female adolescents physical fitness and self-concept. Adolescence, 23(90), 437-448.
BOUCHARD, C. & SHEPHARD, R. (1990).Exercise, fitness, and health. Champaign,IL:Human Kinetics
Impacto do Exercício Físico na AE, IC e AEF em jovens universitárias
18
BOUTCHER, S. (1993). Emotion and aerobic exercise. In R. SINGER; M. MURPHEY & L. TENNANT
(1993).Handbook of Reasearch on Sport Psychology (ISSP). New York: MacMillanPublishing Company
BROWN, E., MORROW, J. & LIVINGSTON, S. (1982). Self-concept changes in women as a result of training.
Journal of Sport Psychology, 4, 354-363.
BROWN, T., CASH, T. & MIKULKA, P. (1990). Attitudinal body image assessment: Factor analysis of body-self
relations questionnaire. Journal of Personality Assessment, 55 (1&2), 135-144.
CASH, T. & PRUZINSKY, T. (1990). Body images: Development, deviance and change. New York: The Guilford
Press.
CARMACK, M. & MARTENS, R. (1979). Measuring commitment to running: A survey on runner’s attitudes and
mental states. Journal of Sport Psychology, 1, 25-42.
CARUSO, C. & GILL, D. (1992). Strengthening physical self-perceptions through exercise. The Journal of Sports
Medicine and Physical Fitness, 32 (4), 416-427.
CASH T. & BROWN, T. (1989). Gender and body images: Stereotypes and realities. Sex Roles, 21 (5&6), 361-373.
COLLINGWOOD, T., R. (1972). The effects of physical training upon behavior and self-attitudes. Journal of Clincal
Psychology, 28, 583-585.
CRUZ, J.; MACHADO P. & MOTA M. (1996). Efeitos e benefícios psicológicos do exercício e da actividade física.
In J. F. Cruz (ed.). Manual de Psicologia do Desporto, 91-116. Braga: S.H.O.
DAVIS, C. & COWLES, M. (1991). Body image and exercise: A study of relationships and comparisons between
physically active men and women. Sex Roles, 25 (1 e 2), 33-44.
DIENER, E. (1984). Subjective well-being. Psychological Bulletin, vol.95, 3, 542-575.
DINIS, M. J. S. (1996). Satisfação com a imagem corporal e motivação para as actividades desportivas: Estudo
comparativo de adolescentes envolvidos em diferentes modalidades desportivas. Dissertação de Mestrado em Ciência
do Desporto. Universidade do Porto. F.C.D.E.F.
FISHER, S. (1990). The evolution of psychological concepts about the body. In T. CASH & T. PRUZINSKY (eds.).
Body images: Development, deviance and change. New York: The Guilford Press.
FLEMING, J. & COURTNEY, B. (1984). The dimensionality of self-esteem: II. Hierarchical facet model for revised
mesurement scales. Journal of Personality and Social Psychology, 46, 404-421.
FOLKINS C. & SIME, W. (1981). Physical fitness training and mental health. AmericanPsychologist, 36, 373-389.
HAMACHEK, D. (1986). Enhancing the self’s spychology by improving fitness physiology. Jounarl of Human
Behavior and Learning, 3 (3), 2-12.
International Society of Sport Psychology. (1992). Physical activity and psychological benefits: a position statement.
The Sport Psychologist, 6, 199-203.
LEITH, L. M. (1994). Exercise and self-concept/self-esteem. Foundations of exercise and mental health.
Morgantown: Fitness information technology.
LOPES, D. N. (1996). Aptidão física e auto-estima: Um estudo em adultos idosos dos dois sexos do concelho de
Matosinhos envolvidos num programa de actividades físicas regulares. Dissertação de mestrado em Ciência do
Desporto. F.C.D.E.F. Universidade do Porto.
MCAULEY, E. (1994). Physical activity and psychological outcomes. In C. Bouchard, R. Shephard & T. Stephens
(eds.). Physical activity, fitness and health, chapter 37, 551-558. Champaign, IL: Human Kinetics.
Impacto do Exercício Físico na AE, IC e AEF em jovens universitárias
19
MADDUX, J. (1995). Self-efficacy theory: An introduction. In J. MADDUX (Ed.). Self-efficacy, adaptation and
adjustment. New York: Plenum Press.
OLIVEIRA, M. S. (1996). Efeitos da ginástica aeróbica na imgaem corporal e auto-conceito das mulheres.
Dissertação de mestrado em Ciência do Desporto. F.C.D.E.F. Universidade do Porto.
ORBACH I. & MIKULINCER, M. (1998). The body investment scale: construction and validation of a body
experience scale. Psychological Assement, vol. 10, No.4, 415-425.
RACKLEY, J. & WARREN, S. (1988). Determinants in body image in women of midlife. Psychological Reports, 62
(1), 9-10.
RIBEIRO, J. L. (1988). Efeitos psicológicos da actividade física. Jornal de Psicologia, 7, 5, 10-14.
RIBEIRO, J. L. (1998). Psicologia e Saúde. Lisboa: ISPA.
RIBEIRO, J. L. (1999). Investigação e avaliação em psicologia e saúde. Lisboa: Climepsi Editores.
RIBEIRO, L. & RIBEIRO, J. L. (2000). Auto-conceito físico e atitudes em relação ao exercício físico em atletas de
alta competição. Actas do 3º Congresso Nacional de Psicologia da Saúde, 481-489.
ROSENBERG, M. (1972). Society and the adolescent self-image. New Jersey:Princeton UniversityPress.
ROSENBERG, M. (1985). Self-concept and psychological well-being in adolescence. In R. LEACHY (ed.). The
Development of the Self, 205-246. Orlando: Academic Press.
RYCKMAN, R.; ROBBINS, M.; THORTON, B. & CANTRELL, P. (1982). Development and validation of a
Physical self-efficacy scale. Journal of Personality and Social Psychology, vol.42, No.5, 891-900.
SEGGAR, J. F., MCCMMAN, D. & CANNON, L. (1988). Relations between physical activity, weight discrepancies,
body cathesis and psychological well-being in college women. Perceptual and Motor Skills, 67 (2), 659-669.
SILVA, M. L. F. (1997). Relação entre a prática de actividade física de lazer e o auto-conceito de mulheres da cidade
do Porto. Dissertação de Mestrado em Ciência do Desporto. F.C.D.E.F. Universidade do Porto.
SILVA, S. L. M. (1998). Efeitos da actividade física na promoção do auto-conceito: dimensões física, social e de
auto-estima global. Dissertação de Mestrado em Ciência do Desporto. F.C.D.E.F. Universidade do Porto.
SONSTROEM, R., HARLOW, L. & JOSEPHS, L. (1994). Exercise and self-esteem: Validity of model expansion ad
exercise associations. Journal of Sport and Exercise Psychology, 16, 29-42.
SONSTROEM, R. & MORGAN, W. (1989). Exercise and self-esteem: Rationale and model. Medicine and Science
inSports and Exercise, 21, 329-337.
VALLIANT, P. & ASU, M. (1985). Exercise and its effects on cognition and physiology in older adults. Perceptual
and Motor Skills, 61, 1031-1038.